Operação, entitulada Placebo, foi autorizada pelo STJ, e investiga a participação do governador Witzel no esquema.
Mais uma vez, a saúde do Rio de Janeiro é objeto de investigação de operação da Polícia Federal (PF). Na manhã desta terça-feira (26), a PF deflagrou a Operação Placebo, que investiga supostos desvios de verbas públicas destinadas para ações de combate à pandemia do novo coronavírus no RJ. No total, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, sendo um deles no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel (PSC), e outro na casa dele, no Grajaú.
A PF investiga o gasto de R$ 1 bilhão na construção de hospitais de campanha e aquisição de equipamentos, mirando compras sem licitação de respiradores, máscaras e testes rápidos, com envolvimento da Organização Social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas). Os mandados foram expedidos pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois do depoimento do ex-subsecretário estadual de Saúde do Rio, Gabriell Neves, preso na Operação Mercadores do Caos, do MP do RJ e da Polícia Civil fluminense, que investiga suposta fraude na compra de respiradores pelo governo. O STJ também autorizou acesso a celulares dos alvos da operação. A investigação aponta ainda um vínculo suspeito entre a primeira-dama do Rio, Helena Witzel, e empresas ligadas a Mário Peixoto, empresário dono de fornecedoras para governos que foi preso na Operação Favorito, no último dia 14.
Em sua defesa, o governador Witzel afirmou que não cometeu irregularidades e apontou interferência do presidente Jair Bolsonaro na investigação. Diante dessas acusações, o deputado federal Ubiratan Sanderson, vice-líder do Governo na Câmara e também policial federal, destacou, em entrevista para o site GaúchaZH, que a Operação segue dentro da normalidade. “Está tudo dentro dos padrões normais da PF, que agiu com a devida concordância do Ministério Público Federal (MPF) e autorização do Judiciário. Não vejo qualquer suspeição ou caráter ideológico nesta operação”, afirma Sanderson.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou o investimento de R$ 1 bilhão para o combate à Covid-19. O Iabas recebeu a maior parte desse orçamento, cerca de R$ 836, valor repassado em contratos emergenciais, sem licitação, para a construção de hospitais de campanha. A promessa era de entrega e pleno funcionamento das unidades até 30 de abril, mas nenhum hospital foi aberto no prazo.